O cordelista Paulo de Tarso tem mais de 70 obras publicadas,
sendo 10 sobre a vida de Luiz Gonzaga. Em 2010, o autor, que também é
historiador, recebeu o Prêmio Mais Cultura Patativa do Assaré, do Ministério da
Cultura FOTO: KID JÚNIOR
Fortaleza. A paixão do poeta tauaense Paulo de Tarso pela
literatura de cordel começou quando ele era um menino, ao ler as obras de um
tio. À medida que o tempo passava, a vontade de se tornar um cordelista só
crescia. Até que um dia, quando ainda fazia o primeiro ano do Ensino Médio,
teve sua primeira experiência como cordelista. "Foi algo bem amador, a
professora passou um trabalho para ser feito em cordel sobre a dança de São
Gonçalo", relembra.
Hoje, o trabalho do poeta de Tauá, como é conhecido Paulo de
Tarso, é admirado por diversos leitores. Sua mais recente obra, "O
Gonzagão Centenário", foi lançada na última sexta-feira, no Museu da
Imagem e do Som (MIS) do Ceará, em Fortaleza. Conta fatos sobre a vida pessoal
e profissional de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que completaria 100 anos em
dezembro deste ano se estivesse vivo.
"Para mim, é uma alegria imensa compor obras sobre o
pernambucano Luiz Gonzaga. Falar da história dele é falar do Nordeste, de tudo
que nossa região tem. Apesar de ter sido um homem que nunca rompeu com a
Ditadura Militar, ele sempre mostrou ser uma pessoa crítica em suas músicas,
cobrando dos governos melhorias para o povo do Nordeste, além de sempre ter
lutado pela paz social. Luiz Gonzaga foi um homem pacificador", destaca
Paulo de Tarso, que já escreveu dez cordéis sobre o Rei do Baião.
Pesquisa
Dentre os mais conhecidos estão "O encontro de Patativa
com Gonzagão lá no céu" e "Até São Pedro dançou no forró do
Gonzagão", em que predomina a ficção. No entanto, a maioria dos cordéis do
poeta de Tauá é carregada de fatos reais. Por isso, a pesquisa sobre a vida e
obra do Rei do Baião é imprescindível para compor os trabalhos.
Em "O Gonzagão Centenário", por exemplo, há um
trecho em que Paulo de Tarso lembra um fato inusitado do começo da carreira de
Luiz Gonzaga, na década de 1940, quando o pernambucano tocava na Radio
Nacional. Segundo Paulo de Tarso, o Rei do Baião, mesmo sendo proibido pelo
diretor artístico da rádio, Floriano Faissal, de se apresentar com trajes
típicos do Nordeste, imitando o Lampião, não deixou de tocar suas músicas com
roupas sertanejas.
"Começou a se apresentar com vestimentas de couro. Um
chapéu bem costurado, para Luiz um tesouro. Um gibão muito enfeitado, valendo
mais do que ouro. Daí pra frente, Luiz, com sua obstinação, impôs a sua
vontade, representou seu Sertão. E passou a ser chamado Majestade do
baião", diz o versos do cordel "O Gonzagão Centenário",
ilustrado por Lederly Mendonça, com 32 páginas e estrofes de seis linhas
sextilhas.
O cordelista Paulo de Tarso tem mais de 70 cordéis
publicados. Em 2010, recebeu o Prêmio Mais Cultura Patativa do Assaré, do
Ministério da Cultura (Minc), com o cordel "O Quinze", baseado na
obra da escritora cearense Rachel de Queiroz. Ele é formado em História pela
Universidade Federal do Ceará (UFC) e ocupa a cadeira 32 da Academia Tauaense
de Letras.
A obra "O Gonzagão Centenário" foi lançada
paralela à mostra "Postais do Ceará". O trabalho resgata a memória
dos cartões-postais em Fortaleza e também apresenta uma coletânea de
fotografias dentro de um conceito mais contemporâneo e artístico, trazendo uma
linguagem atual e diversificada, fora do lugar-comum, que caracterizou a
produção de postais na Capital nos últimos tempos.
Transformação
O trabalho apresenta o Ceará sob uma nova perspectiva, em
que é possível notar a transformação do espaço físico em um espetáculo de
imagens. A mostra tem o objetivo de levar ao espectador a idéia de que, além de
ver as cenas, também é possível fazer parte dela.
As fotografias foram selecionadas por Silas de Paula,
curador da mostra e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), e também
por Tiago Santana, documentarista fotográfico que ganhou destaque na Associação
Brasileira de Imprensa (ABI) pela arte-reportagem "O Chão de Graciliano",
livro produzido em parceria com o jornalista Audálio Dantas. Participam da
exposição 20 fotógrafos.
A mostra pode ser vista até o fim do próximo mês. No local,
o público também pode adquirir os cordéis de Paulo de Tarso.
O Museu do Gonzagão de Serrinha agradece de público ao pesquisador Kydelmir Dantas e ao poeta Paulo de Tarso.
O Museu do Gonzagão de Serrinha agradece de público ao pesquisador Kydelmir Dantas e ao poeta Paulo de Tarso.
como eu posso adquirir esses cordéis?
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