segunda-feira, 10 de agosto de 2009

LUIZ GONZAGA
Cantador e sanfoneiro, filho de Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, nascido no dia 13 de dezembro de 1912, Luiz Gonzaga Nascimento passou a infância na fazenda Caiçara, três léguas do município de Exu (cidade situada a 603 quilômetros de Recife, com pouco mais de 30 mil habitantes), no sertão pernambucano ajudando o pai a consertar sanfonas ou trabalhando na roça. Aos dezessete anos comprou uma harmônica e começou a se aperfeiçoar. Pensou em casar com Nazinha, filha de Raimundo Delgado, homem rico da região. Não consentiram e Luiz acabou levando uma surra de Dona Ana. Humilhado, fugiu para o Crato e de lá para Fortaleza. Em 1930 alistou-se no Exército onde passou dez anos. Deu baixa e foi aportar no Rio de Janeiro onde passou a se apresentar de sanfona nos cabarés da Lapa, músicas de encomenda, Augusto Calheiros e coisas parecidas. O resto é história. Luiz Gonzaga tem uma discografia invejável e inexata. Fala-se em quase 200 títulos lançados, entre discos de 78 rotações, elepês e compactos, 1000 músicas, muitas histórias e parceiros desde 1941, quando gravou dois elepês instrumentais em 78 rpm - Véspera de São João (com Francisco Reis), Numa Serenata (Luiz Gonzaga), Saudades de São João Del Rei (Simão Jandi), Vira e Mexe (Luiz Gonzaga e Miguel Lima), para a gravadora RCA Victor. Depois vieram Mula Preta, o grande sucesso do ano de 1943 e Dança Mariquinha (primeira gravação de Luiz Gonzaga como cantor e interpretando a segunda parceria com Miguel Lima). Em 1945, uma outra parceria com Miguel Lima - Dezessete e Setecentos - foi sucesso na voz de Manezinho Araújo. Depois vieram Penerô Xerém (outra parceria com Miguel Lima) e Cortando Pano (de Miguel Lima e Jeová Portela). A partir de 1945, com início da parceria com o cearense Humberto Teixeira surgiram sucessos populares tendo como temática principal o ritmo nordestino com seus variados estilos, entre os quais o xaxado e o baião, este último gerou o título de uma das principais músicas da dupla, gravada em 1946 pelo grupo vocal cearense 4 Ases e 1 Coringa (grupo também responsável pelo lançamento do ritmo balanceio em 1945). Entre as principais parcerias de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira estão No Meu Pé de Serra, Juazeiro, Asa-Branca, Paraíba, Qui Nem Jiló, Assum Preto, entre outras. Desde então, compositores e alguns outros parceiros como Zé Dantas, Hervê Cordovil, David Nasser, Miguel Lima, Lourival Passos, João Silva e Patativa do Assaré colocaram na voz ímpar de Luiz Gonzaga sucessos imortais como Riacho do Navio, Dezessete e Setecentos, Vem Morena, A Triste Partida, Respeita Januário, A Vida do Viajante, nos mais variados ritmos. Intérprete de sucessos imortais nos mais variados ritmos, muitos outros cantores gravaram Luiz Gonzaga a partir do início dos anos setenta, entre os quais Geraldo Vandré (Asa-Branca), Gilberto Gil (Vem Morena), Caetano Veloso (A Volta da Asa-Branca) e até o grego Demis Roussos (White Wings/Asa-Branca). Essa afinidade com a nova geração musical brasileira - principalmente com os baianos - fez a gravadora RCA lançar em 1971 o disco ''O CANTO JOVEM DE LUIZ GONZAGA'', com músicas de Caetano Veloso, Edu Lobo, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Dori Caymmi. O elepê gerou em março de 1972 o show ''Luiz Gonzaga Volta Pra Curtir'', no Teatro Tereza Raquel, no Rio de Janeiro. Embora sendo o terceiro artista mundial a receber o ''Cachorinho da RCA'', prêmio entregue anteriormente apenas para Elvis Presley e Nelson Gonçalves, e tenha cantado para presidentes como Eurico Gaspar Dutra e José Sarney e para o Papa João Paulo II, o verdadeiro reconhecimento do valor de sua obra veio ainda em 1984. Luiz Gonzaga foi o grande homenageado na noite da entrega do Prêmio Shell para os melhores da Música Popular Brasileira. Segundo a crítica especializada, um prêmio justo e merecido para quem, em muitos anos de carreira artística somente recebeu dois Discos de Ouro e em 1981, o mesmo ano em que a classe artística se reuniu para homenagear Luiz Gonzaga em um show promovido pelo Cebrade. Em 1985 Luiz Gonzaga foi premiado com o ''Nipper de Ouro'' pelo conjunto de sua obra. Um grande espetáculo na casa de shows Spazio, em Campina Grande, em outubro de 1988, marcou os cinqüenta anos de carreira artística do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga. Muitos artistas, na maioria nordestinos, participaram do evento, entre os quais Fagner, Elba Ramalho, Nando Cordel, Alcymar Monteiro, Capilé, Jorge de Altinho, Dominguinhos, Oswaldinho do Acordeon, Pedro Sertanejo, Zé Américo, Manassés, Borel, Valdomiro Moraes, Waldonys e o filho Gonzaguinha. Andando de muletas e mesmo debilitado em virtude de uma operação para a retirada de água na pleura, o ''Rei do Baião'' assistiu ao espetáculo e cantou, sentado numa poltrona alguns dos seus maiores sucessos. No dia seis de junho de 1989, um espetáculo realizado no palco do Teatro Guararapes, em Recife, com a participação de discípulos fiéis como Alceu Valença, Marinês, Pinto do Acordeon, Gonzaguinha, Dominguinhos, Joquinha Gonzaga, Waldonys e Nando Cordel, selaria (embora ninguém esperasse) a carreira de um dos mais importantes músicos do País. Foi o último show do ''Rei do Baião''. Com a morte de ''Gonzagão'', o eterno Luiz ''Lua'' Gonzaga, acontecida no dia dois de agosto de 1989, depois de 42 dias de internamento, no Hospital Santa Joana, em Recife, ficamos órfãos do maior sanfoneiro do Nordeste e o principal responsável pelo sucesso do forró genuíno no Sul do País ainda na metade da década de quarenta e início da década de cinqüenta, mudando definitivamente os caminhos da música popular, num tempo em que o rádio brasileiro era dominado pelos boleros, valsas e trilhas de musicais norte-americanos. Raimundo Fagner participou de várias etapas importantes na vida de Luiz Gonzaga. Em 1984, juntos gravaram o álbum ''LUIZ GONZAGA & FAGNER'', resultado do sucesso de um pot-pourri registrado no disco ''DANADO DE BOM'', de Luiz Gonzaga, lançado no início do mesmo ano. Quatro anos depois o álbum ''GONZAGÃO & FAGNER VOL.2 - ABC DO SERTÃO'' reuniu novamente os dois intérpretes em clássicos como Abc do Sertão e Juazeiro. Mas Luiz Gonzaga faz parte da vida de Fagner há muito tempo. Gravou Último Pau-de-Arara e Riacho do Navio, nos primeiros discos. Em 1976, cantou ao lado dele no projeto Seis e Meia, no Teatro João Caetano, no Rio de janeiro. Dois meses antes da morte de Luiz Gonzaga, a gravadora do compositor lançou o elepê ''FORRÓ DO GONZAGÃO'' (1989, RCA, No. 130.0074) incluindo o pot-pourri com as músicas Respeita Januário/Riacho do Navio/Forró no Escuro, originalmente lançado em 1984, no disco ''DANADO DE BOM'', com a participação de Raimundo Fagner.
Alguns Discos de Carreira LUIZ GONZAGA AO VIVO - VOLTA PRA CURTIR (CD lançado em 2001), AQUARELA NORDESTINA (1989), VOU TE MATAR DE CHEIRO (1989), AÍ TEM GONZAGÃO (1988), DE FIÁ PAVI (1987), FORRÓ DE CABO A RABO (1986), SANFONEIRO MACHO (1985), DANADO DE BOM (1984), 70 ANOS DE SANFONA E SIMPATIA (1983), ETERNO CANTADOR (1982), A VIDA DO VIAJANTE - LUIZ GONZAGA & GONZAGUINHA (1981), A FESTA (1981), O HOMEM DA TERRA (1980), QUADRILHAS E MARCHINHAS VOL. 2 - VIRE QUE TEM FORRÓ (1979), EU E MEU PAI (1979), DENGO MAIOR (1978), AO VIVO NO SEIS E MEIA - LUIZ GONZAGA & CARMÉLIA ALVES (1977), CHÁ CUTUBA (1977), CAPIM NOVO (1976), A NOVA JERUSALÉM (1973), SANGUE NORDESTINO (1973), SÃO JOÃO QUENTE (1972), AQUILO BOM (1972), O CANTO JOVEM DE LUIZ GONZAGA (1971), SERTÃO 70 (1970), CANAÃ (1968), SÃO JOÃO DO ARARIPE (1968), O SANFONEIRO DO POVO DE DEUS (1968), MEUS SUCESSOS COM HUMBERTO TEIXEIRA (1968), ÓIA EU AQUI DE NOVO (1967), QUADRILHAS E MARCHINHAS JUNINAS (1965), A TRISTE PARTIDA (1964), SANFONA DO POVO (1964), PISA NO PILÃO (FESTA DO MILHO) (1963), SÃO JOÃO NA ROÇA (1962), Ô VÉIO MACHO (1962), LUIZ "LUA" GONZAGA (1961), LUIZ GONZAGA CANTA SEUS SUCESSOS COM ZÉ DANTAS (1959), XAMEGO (1958), SÃO JOÃO NA ROÇA (1958), O REINO DO BAIÃO (1957), ABOIOS E VAQUEJADAS (1956)
BIBLIOGRAFIALuiz Gonzaga, o rei do baião - Sua vida, seus amigos, suas canções (José de Jesus Ferreira (Editora Ática, São Paulo, 1986)Eu Vou Contar Pra Vocês (Assis Ângelo, Ícone Editora, São Paulo,1990)Luiz Gonzaga - Vozes do Brasil (Editora Martin Claret, São Paulo, 1990)Vida de Viajante - A saga de Luiz Gonzaga (Dominique Dreyfus com prefácio de Gilberto Gil (Editora 34, São Paulo, 1996)

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